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FIM DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS E INÍCIO DA POLÍTICA PARA AS FORÇAS POPULARES

 

FOTO: PROF. ME. MAURO BECHMAN. AUTOR: CUCUNACA, 2020.

Por: Mauro Jeusy Vieira Bechman*


As eleições são apenas uma das expressões da democracia liberal. Claro está que há outros instrumentos que no Brasil são muito pouco ativados como os referendos, as consultas populares, os plebiscitos. Neste sentido, o Brasil está muito aquém da democracia praticada em outros países vizinhos.

Em plena Pandemia mundial provocada pelo Covid-19, os brasileiros em seus municípios arriscaram a própria vida para votar nas suas respectivas zonas eleitorais. Num processo muito específico e já limitado pela legislação eleitoral que intimida as campanhas de rua e o contato do eleitorado com os candidatos. As eleições ocorreram neste "Novo Normal".

Nas grandes capitais do Brasil, os partidos de Centro-Direita venceram as eleições e a Extrema Direita ocupante do executivo federal não conseguiu impor suas candidaturas. No espectro da Esquerda brasileira as urnas eletrônicas apontaram para o crescimento da chamada "Esquerda Identitária" com a eleição e visibilidade maior das demandas de gênero, raça, etnia e feminismo para os cargos de vereança especialmente. Embora, no Amazonas a postura do eleitorado se mostrou extremamente conservador afiançando uma pauta moral em vez de ética ou socioeconômica e ambiental.

Ainda no campo da Esquerda, a candidatura do economista José Ricardo (PT) coligado ao PSOL, PCB e a REDE ganhou mais força interna em seu partido com a expressividade de sua votação na capital e nos setores mais conservadores da cidade como as zonas centro-sul, norte e centro-oeste. Mostrou-se um nome cada vez mais vivo junto ao eleitorado mais uma vez superando os institutos de pesquisa de opinião.

Há que notar que já fazia algum tempo que o Partido dos Trabalhadores não apresentava um nome para o executivo municipal com considerável possibilidade de ser eleito. Talvez a única candidatura sem uma grande máquina empresarial por detrás, ligada sempre ás velhas oligarquias políticas locais e regionais.

A vitória do campo conservador neste pleito ainda dividido entre o populismo de direita e a direita moralista na verdade ainda se revela um rearranjo em construção desde o golpe do impeachment de 2016 que afastou do executivo as forças populares.

E, neste sentido, para as esquerdas, a identitária e a classista, um enorme espaço para o exercício da Política se abre para além das eleições a ser desenvolvido nas ruas e nas redes, mesmo que isso passe por alguns necessários realinhamentos e atitudes inclusive da militância.

Há enormes pautas encobertas pela ideologização do trabalho, com o mito do empreendedorismo, a uberização do trabalhador, a virtualização da educação, a precarização do trabalho e a ilusão do individualismo produtivo.


O processo eleitoral, ao menos do voto, chegou ao fim e agora estamos a presenciar o início da Política para as forças do campo popular disputando cada espaço em que a utopia sirva de base para a construção de uma cidade mais justa, humana e solidária. 


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* Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia e processos socioculturais pela Universidade Federal do Amazonas. UFAM.


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