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CINZAS DO CARNAVAL DAS ESCOLAS DE SAMBA DE MANAUS 2024

FOTO: M. BECHMAN.
 AUTOR: CUCUNACA, 2024.

 CINZAS DO CARNAVAL DAS ESCOLAS DE SAMBA DE MANAUS 2024

Por: Mauro Bechman*

E chegou ao fim mais um Carnaval em Manaus. Com as datas alteradas, antecipadas com anuência das escolas de samba, o samba manauara vai cambaleando. Já não tem mais poder político de se impor como um movimento socio cultural importante no calendário da metrópole amazônica.

Em 2024, talvez nosso carnaval de escolas de samba, tenha caído algumas posições no ranking nacional da festa de Momo e Como. Ora, ele até os anos 1990 chegou a ser o 2° melhor carnaval de escolas de samba do Brasil. Após esta crista da onda, assistimos a sucessivas quedas no prestígio desta festa, o desfile das escolas de samba, cujas razões podemos elencar e nortear uma reflexão.

O distanciamento entre a classe dominante local e as escolas de samba é um dos fatores que vamos assistindo desde a primeira metade dos anos 1990. Até a década supracitada, pessoas das classes abastadas assumiam a identidade das escolas, desfilando no chão, nos carros alegóricos e nos camarotes.

A organização das escolas de samba ainda muito amadoras. Em Manaus, são poucas as escolas que durante o ano mantem qualquer atividade de serviço á sociedade. São ínfimos os projetos, quando existentes e pouquíssimos divulgados, daí a não existência no imaginário popular das escolas durante o restante do ano.

Todas as escolas de samba, estão resistindo há mais de uma década, a perda de ajuda estatal. Recebem muito pouco e de mau agrado a ajuda financeira estatal, entregando muito mais do que recebem nos desfiles. Enquanto, outra festa popular somente uma das agremiações recebe a totalidade do investimento nas escolas de samba.

A baixíssima pesquisa sobre as escolas de samba. Não temos memorialistas, sociólogos, antropólogos e historiadores cuja produção seja incentivada e dada a devida publicidade. É um grande prejuízo á sociedade, pois as gerações vão perdendo suas raízes sejam culturais ou de pertencimento ao seu espaço geográfico, seja o bairro, conjunto habitacional ou vila.

A ascensão ao poder de gestores públicos ultra conservadores gera uma certa animosidade entre os grêmios recreativos e as autoridades tendo como reflexo, o apoio apenas velado e superficial dos desfiles e das agremiações.

A falta de comunicação entre as escolas e as novas gerações. Uma coisa importante, as novas gerações sem memórias culturais, facilmente mudam de orientação e geralmente deixam de "curtir" as escolas de samba. Uma questão plausível diante da avassaladora queda de público no maior sambódromo do Brasil.

Há muitos outros tópicos a serem abordados, mas se não há por onde começar, eis aí um pequeno roteiro.

Até o próximo carnaval!


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* Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (1909). UFAM.

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