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ANALFABETISMO GEOGRÁFICO

FOTO: ÍCONES.

Nesta postagem, buscarei estabelecer uma relação preciosa entre a Geografia, enquanto um saber científico e a banalização deste conhecimento, para muitas pessoas desnecessário e sem propósitos.

ANALFABETISMO GEOGRÁFICO

Desde os anos cinquenta do século XX, a Geografia vem sofrendo alterações importantes na sua forma e conteúdo. Da mesma forma em que as chamadas "escolas do pensamento geográfico" vem recebendo novas interpretações a fim  de corresponderem as novas dinâmicas de interpretação da produção e da organização do espaço geográfico.

Neste esforço, podemos afirmar que claramente, as escolas do pensamento geográfico, vem se esforçando para dar conta da empreita científica na leitura da realidade. Entretanto, não podemos esquecer que muito do que se vulgariza do conhecimento geográfico, encontra-se imerso e praticamente cristalizado no imaginário popular. Neste sentido, aquilo que muitos acreditam ser conhecimento geográfico, acabam por enveredarem por um caminho falseador e mistificador do saber geográfico.

Isso seria então um problema da Geografia e dos geógrafos ou de todo cidadão? A priori, diríamos que estas questões são estritamente ligadas aos geógrafos e não à cidadania. Durante praticamente dois séculos, o conhecimento enciclopédico incensou o temário geográfico. Seu domínio, era uma forma específica de status... aliás era importante saber a toponímia com perfeição e coerência, o que chegou a ser considerado até erudição. Imaginem, que durante um bom tempo, decorar os "nomes dos lugares" e estabelecer a "associação do ser humano ao lugar" fora um importante elemento para se caracterizar a inteligência humana.

De outro modo, associar o habitante ao seu lugar, lhe atribuindo características próprias - uma identidade, propriciou a criação no imaginário popular do conceito vulgar de identidade, identificada em Yves Lacoste como Geografismos - uma espécie de ideologia geográfica, visualizada e até hoje, cristalizada no senso comum como os "barrismos", "regionalismos", "nacionalismos" e outros "ismos" ligados ao espaço geográfico.

Atualmente, nossos alunos e nossa sociedade ainda não sabe para que serve a Geografia. No simples exercício do saber geográfico elementar entre "personalidades da mídia" como atores, cantores, artistas, políticos (!) quando indagados sobre os lugares (capitais, estados, países, lugares, continentes...) não conseguiram responder com correção e assertividade, o que revela que nem mesmo  o ensino enciclopédico pode mais ser requisitado a estes cidadãos. Casos expoentes, como a confusão de que a África é um país e não um continente, a capital dos Estados Unidos é Nova Yorque e não Washington e outros mais perfazem a longa lista de "garfes geográficas".

Noutro campo, temos o regionalismo tão entranhado em nossa sociedade, manifestado abertamente, como uma "verdade geográfica" por politicos, empresários, professores e outros num país ainda em construção como o Brasil, revela o desconforto de afirmarmos de que existe na sociedade brasileira um grande ANALFABETISMO GEOGRÁFICO, tendo em vista, a manifestação de pré-conceitos e preconceitos (!) contra migrantes, imigrantes, retirantes e refugiados, desumanizando a relação do homem com seu espaço e com seus pares.

Certamente, se a Geografia tivesse sido desenvolvida categoricamente nas série iniciais do ensino básico e fundamental, os valores presentes e a noção do homem e dos lugares, não vingaria eivada de erros grotescos anti-civilizatórios como os barrismos, regionalismos, nacionalismos e outros. Isso a Geografia não criou! Talvez tenha até reforçado, pois estava a serviço de interesses politicos dominantes e não da sociedade.

Do mesmo modo, que não podemos isentar a sociedade, que sofre porquê despreza a Geografia como conhecimento válido e necessário. Mas, o que dizer de um governo municipal que retira a Geografia e a História das séries elementares -onde estão se formando os conceitos dos futuros cidadãos? E, deste mesmo governo municipal que tentou excluir os Geógrafos dos quadros da gestão municipal? Também, o que dizer das afirmações eivadas de desconhecimento geográfico desveladas pelo olhar colonizante de um migrante, também sem acesso ao saber geográfico e por isso, impossibilitado de compreender a sua real condição sócio-espacial em refletir que as elites sociais dos lugares usam com primazia as ideologias geográficas para nos negar o direito ao espaço?

Falta Geografia. Falta Cidadania... sobra o que aí está!


TODOS CONTRA O ANALFABETISMO GEOGRÁFICO!


Saudações Amazônicas e Amazonenses!

Mauro Jeusy Vieira Bechman
Geógrafo. MSc.

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2 Comentários

  1. gostaria de saber se tem algum material que pudesse me fornecer sobre o assunto alfabetismo ou analfabetismo geográfico.. desde já agradeço..

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  2. Olá Gerson! Obrigado pela presença...infelizmente não disponho de nenhum material...pois este post foi mais, intuitivo. Porém indicaria textos de Sonia Castellar sobre A Geografia e a construção de conhecimentos, Callai, Helena Copetti. A Geografia nos anos iniciais do ensino fundamental...artigo do Carderno CEDES Campinas Vol. 25 n° 66, maio/ago 2005 e Bincar e cartografar de Castrogiovanni & Costella.EDIPUCRS..espero ajudar. Grande abraço e saudações geográficas!

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