FOTO: OCUPAÇÃO DA REITORIA DA UFAM. AUTOR: JUSCELINO. IMPRENSA/UFAM, 1997. |
OCUPAÇÃO DA REITORIA DA UFAM PELA GEOGRAFIA
Há exatos 20 anos, a reitoria da Universidade Federal do
Amazonas – UFAM foi ocupada por acadêmicos de Geografia e de História. O
motivo: um carimbo dado pela Pró-reitoria de Ensino e Graduação – PROEG autorizando
o credenciamento de outros acadêmicos vinculados a outras graduações o
exercício do magistério para os ensinos médio e fundamental nas disciplinas de
Geografia e História.
No curso de Geografia, houve uma forte mobilização para esta
campanha, por parte de acadêmicos e alguns professores. Um “Movimento” foi
criado por acadêmicos independentes, desvinculados do CEGEO – Centro Acadêmico
de Geografia. Este, com a unificação da pauta reivindicatória, posteriormente aderiu fortemente ao movimento. No grupo dos
independentes de verniz anarquista, estavam os acadêmicos Mauro Bechman,
Gerlânio Rossini e muitos estudantes pesquisadores do Programa de Iniciação
Científica – PIBIC, como Alem Silvia
Marinho dos Santos, Aliane Marinho, Willer,
Carlos Alberto, Jezer Cardoso Marinho, Ana Mara Lachi e Francisco Hélio
Saraiva da Silva com o apoio integral da professora Angélica Caviccioli. Já
noutro grupo, estavam os acadêmicos ligados ao CEGEO que foram decisivos na
unificação da pauta de reivindicação junto à reitoria para que retirasse o
“carimbo de autorização”.
O Ato Público, ocorreu após duas semanas de preparação com a
sensibilização dos acadêmicos de Geografia e de História. Foram feitos cartazes
usando materiais que seria descartados do laboratório de Cartografia e
combinado o inicio do “Movimento” pela Geografia. Os acadêmicos reunidos no
CEGEO, ensaiaram a canção: “Renovação” de Candinho e Inês, mas como nem todos
sabiam a letra, então algum animado manifestante propôs a substituição pelo
“Acorda Maria Bonita, acorda pra fazer o café...” que na versão de protesto
ficou dessa forma: “ACORDA HISTÓRIA BONITA, ACORDA PRA FAZER O CAFÉ/QUE O DIA
JÁ VEM RAIANDO E A GEOGRAFIA JÁ ESTÁ DE PÉ”.
O inicio do ato se deu com a interrupção das aulas,
começando pelos períodos mais avançados e depois pelos professores presentes
nos departamentos de Geografia e História. Quando o grupo ainda pequeno passou
com cartazes e a canção pelo Hall do ICHL (Instituto de Ciências Humanas e
Letras) no Campus Universitário, os demais acadêmicos aplaudiram e incentivaram
a manifestação. Então, as aulas nos Blocos de Geografia e História foram sendo
paralisadas e houve grande adesão. O ato inicialmente fora marcado para frente
dos blocos, mas um professor de História, chamado “Francisco Jorge” indicou a
direção para a reitoria que fora prontamente seguida pelos presentes. Na
reitoria, muito barulho fez com que a rotina administrativa fosse interrompida.
Sob discursos fortes, o reitor em exercício, decidiu atender a todos no
auditório Rio Solimões, que foi totalmente tomado pelos acadêmicos, sendo de
imediato composta uma “mesa” para a discutir a questão. Sob pressão e alguns
desentendimentos entre a mesa e a assembléia, a Pro-reitoria decidiu por
retirar o “carimbo” dos registros profissionais daqueles que não eram
habilitados em Geografia e História.
Este ato foi bastante significativo para o curso de
Geografia que depois teve um grande embate na disputa pela direção de seu
centro acadêmico. Para os demais acadêmicos do ICHL foi um “despertar” para
outras manifestações contra uma agenda conservadora implementada pelo governo
federal.
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NOTA: Pedimos sinceras desculpas pela não recordação de
todos os nomes dos presentes seja pela Geografia, seja pela História. E pedimos
a quem puder nos avivar a Memória sobre esse importante evento para aquela
geração e para estas grandes profissões.
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