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A GEOGRAFIA DO BRASIL DA GLOBO

FOTO: PROGRAMA DA TV GLOBO.
AUTOR: CUCUNACA,2017.
No dia 26 de abril de 1965 nasce a Televisão Globo. A emissora de sinal de televisão fluminense nasceu do chamado acordo “Time-Life” entre a empresa estadunidense e o empresário Roberto Irineu Marinho para os investimentos na infra-estrutura de funcionamento e também para a linguagem de comunicação a ser transmitida aos brasileiros. A empresa nasceu um ano após o Golpe Civil Militar de 1964 que derrubou o Presidente João Goulart, o Jango. A empresa ainda como jornal “O Globo” apoiou fortemente a queda do governo trabalhista.

Já é senso comum a participação ativa do agora, Sistema Globo – das organizações globo na História do Brasil. Entretanto, pouco se comenta sobre a sua geografização e sobre este aspecto vamos nos debruçar.

Os governos militares encontraram na TV Globo um forte “aliado” para a manutenção do regime. Sendo os militares responsáveis pela dotação de infra-estrutura de redes e antenas,  necessária para que as transmissões da grade de programação da emissora chegasse a todos os recantos do Brasil, além de acordos com elites empresariais regionais, o que permitiu a criação de “repetidoras” de sinais de tevê que tornaram-se afiliadas do sistema Globo. Desse forma, a Televisão Globo foi chegando aos lares dos brasileiros das distintas regiões do Brasil.

De sua grade de programação observamos três programas que respondiam com maior nitidez a apresentação imagética do Brasil aos brasileiros: O programa “Amaral Neto: o repórter” (1977), os “Desfiles de Escola de Samba do Rio de Janeiro” (1978) e o “Cassino do Chacrinha” (1984).  No programa Amaral Neto: o repórter, as reportagens iam de casos policiais urbanos a viagens pelo Brasil, expondo o exotismo de suas paisagens naturais e de suas populações remotas como no nordeste e no norte do país. Esta linha, seguida pelo Globo Repórter foi responsável pela criação de um imaginário sobre as regiões brasileiras muito presentes até os dias atuais especialmente sobre o nordeste e a região norte, onde encontra-se a maior parte da Amazônia brasileira. Suas populações retratadas como o “interior” do Brasil, ou seja, longe do Brasil “Civilizado”, assim compreendido o país como o eixo: Rio-São Paulo sede da emissora.

Os desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro pela TV Globo foram importantes formas de “unificar” culturalmente o Brasil para o século XX, gerando a imagem do “País do Carnaval” em que a chamada cultura afro-descendente se apresenta como protagonista, mesmo não sendo hegemônica no campo social. Os brasileiros distantes sejam social e geograficamente distantes do Brasil-Sudeste se vêem representados nos enredos das Escolas de Samba. Os desfiles das escolas de samba, da mesma forma, sugerem ao imaginário brasileiro um “País pacífico” em que suas classes sociais e étnicas se congraçam na festa ao mesmo tempo que se ignoram a rica e centenária cultura do norte do Brasil, de matriz indígena, ainda indócil a indústria cultural naquele momento histórico.

No programa de calouros “Cassino do Chacrinha” criado e apresentado por Abelardo Barbosa, representou a alternativa ao modelo de Programas de Auditório de modelo estadunidense, no Brasil representado pelo empresário Senor Abravanel, o Silvio Santos. O personagem Chacrinha, rodeado de mulheres em roupas mínimas e numa impressionante diversidade de estilos musicais e indumentária, foi o mais popular canal de exposição do Tropicalismo brasileiro. No show de calouros, o rosto do povo brasileiro por horas, aplaudido pelo talento e por outras, escrachado ao receber o “Troféu Abacaxi”. Recorriam ao programa, migrantes nordestinos, das periferias urbanas do Rio e de São Paulo e até os cantores amazonenses que buscavam expressão nacional como Nino Gato.

No processo de construção das subjetividades e posteriormente da “identidade do brasileiro” a face do povo brasileiro é montada com o verniz da alegria, da liberalidade e da passividade. E as demais expressividades culturais das regiões brasileiras, apresentadas como exóticas e partes de um Brasil, que o “Brasil do eixo Rio-São Paulo” ainda desconhece. Um processo de colonização interna do país.

Atualmente, na busca de manter sua hegemonia na comunicação e na informação sobre os brasileiros, a Tevê Globo mexe na sua programação e na sua “paleta de cores”, incluindo temas e personagens que durante muito tempo se apresentavam na emissora quase que por “representatividade de cotas”. Um período de intensa mudança interna para manter-se como formadora das subjetividades dos brasileiros e brasileiras num cenário em que a internet cada vez mais, forma e deforma “identidades”e à luz de um processo de impeachment em que a emissora participou ativamente no seu consórcio em 2016 na tríade jurídico-midiático-parlamentar.

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