FOTO-MOSAICO: SAMBA DE MANAUS. AUTOR: CUCUNACA, 2018. |
DESFILE DAS ESCOLAS DE SAMBA DE MANAUS 2018
Neste sábado, 10 de fevereiro por volta das 20h, ocorreu no Centro de Convenções do Amazonas, o popular e maior sambódromo do Brasil, mais um desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial de Manaus. Passaram pela “Avenida do Samba” as escolas de samba GRES Sem Compromisso, GRESC Andanças de Ciganos, GRES Mocidade Independente de Aparecida, GRES A Grande Família, GRES Reino Unido da Liberdade, GRES Vitória Régia, GRES Unidos do Alvorada e GRES Vila da Barra.
A abertura do desfile coube a Gres Sem Compromisso, da rua Comendador Clementino e do Bairro de Nova Cidade. Trouxe o intérprete Vantuir com passagens por grandes escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro, como Portela e Unidos da Tijuca. Com um dos melhores sambas de enredo deste ano homenageando Dona Zuzu, a baiana mais antiga da escola. A escola do tucano preto e amarelo conseguiu empolgar o centro de convenções ainda não plenamente ocupado àquela altura. O enredo feliz, mostra um pouco do que era a vida manauara urbana, com o hábito de empinar papagaio nos domingos de sol, o boi Mina de Ouro, tradições do Boulevard Amazonas, oficialmente avenida Senador Álvaro Maia e de uma Manaus que jaz em nossas doces lembranças. Uma A escola teve sua harmonia prejudicada pela quebra de um dos carros alegóricos que fez com que as alas avançassem para evitar mais prejuízos na pontuação.
A segunda escola a desfilar foi a Gresc Andanças de Ciganos do bairro de Cachoeirinha. A escola veio compacta para um enredo sobre a “Cachaça” a sua ala de passistas elegante e muito bem coreografada, além do gigantismo e brilho dos carros trazidos pela tricolor ao som da sua indentidária bateria “Vai ou Racha”.
A Gres Mocidade Independente de Aparecida, ingressou na passarela, para reeditar um dos seus mais belos carnavais, com o samba sobre “Os maués” apresentado em sua primeira edição quando o desfile era feito na Avenida Djalma Batista. De fato, um samba para a memória do Carnaval de Manaus e um desfile sob um outro olhar em 2018, prometendo levar o título para a Praça da Bandeira Branca. A escola estreou seu “Samba de Concentração” e aprovou no quesito esquenta, movimentando e emocionando a área de concentração. Nossa preocupação maior, estava na interpretação de um samba histórico e relativamente melódico na voz de Wilsinho de Cima com seu vozeirão de samba forte. E, com uma entonação e colocação perfeita, o puxador Wilsinho ingressa com seu talento na interpretação de um dos sambas enredo imortais da “Pareca”. Esperamos que um pequeno problema na primeira alegoria danificando-a parcialmente não seja motivo de penalização da Pareca. Apesar do “Beicinho virado de 2017” por não ter chegado ao título, em 2018 a Aparecida não desfilou, deslizou soberana na avenida!
A Gres A Grande família do bairro de São José Operário na zona leste de Manaus entrou na avenida do samba para fazer seu carnaval com a força de sua alegre comunidade ao som da bateria ousada da escola.O enredo sobre a Colômbia fez novamente mostrar o internacionalismo do samba amazonense, ou melhor, o pan-amazonismo. A gigante da zona leste trouxe carros alegóricos belíssimos e originais com o firme propósito de reposicionar a escola vermelho e branco entre as campeãs do samba manauara. A sua enorme torcida aguarda ansiosa por um título que não vem desde 2014.
A Gres Reino Unido da Liberdade, trouxe para o desfile, o tema relacionado à educação. Uma belíssima homenagem ao professor. Oportuna a homenagem trazida pela escola num momento em que o Brasil vive uma crise política e uma mudança nas linguagens de transmissão dos saberes com o advento da internet. No plano nacional, a mudança de rumo com o golpe jurídico-parlamentar apoiado pela mídia hegemônica que “entregou o pré-sal” em cerca de 22% a empresas estrangeiras, comprometendo o financiamento dos 25% para a saúde e 75% para a educação após as pressões das “Jornadas de Junho de 2013”. No plano local, um debate sobre as condições salariais e de trabalho dos professores.
No samba enredo, a crítica docilizada na frase “...na falta de caderno, escreva no papel de pão...” Um retrato triste e duro das condições laborais dos mestres e mestras, embora tivéssemos governantes que se auto-entitulavam professores, mesmo sem ter cursado as disciplinas psicológicas e pedagógicas exigidas para os licenciados. Aliás, um debate importante no momento em que se avança o ensino apenas por meio de mídias e concomitância ao fechamento de muitos cursos de licenciatura ou sua banalização.
Na avenida do samba, a escola do Morro da Liberdade, deu uma aula de alegria e samba, mais que um aplauso, uma grande chamada à sociedade para debater sobre a importância dos mestres e mestras em nossas vidas e no mundo que queremos. A “justeza” do desfile, mostrou um morro que canta e nos encanta. Em 2018, a escola verde e branca, busca seu tri. E você? Nessa tarefa, qual nota você daria ao Reino Unido da Liberdade?
A verde e rosa da Praça 14 de Janeiro, foi a 5ª escola de samba a desfilar no sambódromo. Com um enredo tratando sobre a Advocacia, a Gres Vitória Régia, homenageou os acadêmicos de Direito destacando a OAB – Ordem dos Advogados do Brasil. Um enredo didático que trata conjuntamente do surgimento do curso de Direito no Brasil e sobre isso cabe lembrar que um dos cursos mais antigos do país sendo integrante da antiga Universidade Livre de Manaós de 1909, formou os primeiros bacharéis. Também, o papel político da OAB nos cenários políticos dentre eles, o apoio ao Impeachment da presidenta Dilma Roussef em 2016, sendo que a única seção local a se posicionar contra o impedimento foi a do Estado do Pará
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Com forte chão, a Gres Vitória Régia busca o título que em 2017 não veio, ficando com o vice-campeonato. Em 2018, a mais antiga escola de samba de Manaus, herdeira direta da Escola Mista da Praça 14, quer chegar ao título para a festiva comunidade da Praça 14.
A 6ª escola a desfilar foi a Gres Unidos do Alvorada das imediações do Centro de Convenções. O tema de enredo sobre o Rio Purus e sua cultura serve para explicar a partir de suas famílias mais tradicionais com a família Afonso. Um desfile sobre a Geografia do Purus, fazendo os amazonenses conhecerem um pouco mais sobre os mitos, estórias e o lugar.
Fechando o desfile das escolas de samba de 2018 em Manaus, tivemos a Gres Vila da Barra,a escola do bairro da Compensa, que trouxe como enredo sobre o “O grito” mostrando como a expressão de gritar por direitos, desejos e ideais está presente na história dos homens e marcando cada momento da História. A Vila da Barra, uma escola que também já nasce sob o signo do compromisso com o carnaval, tem a ousadia de desenvolver um tema amplo como fascinante sobre a expressão humana mais antiga. A comunidade da Compensa, sonha quem sabe, com o grito de campeã do Carnaval.
Vamos à Apuração e que vença sempre a melhor e o melhor do Samba de Manaus!
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