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O NÚMERO 8

FOTO: OUVIDOR DE PASSARINHOS.
AUTOR: CUCUNACA, 2018
Muitas coisas passam pelas nossas vidas e ao seu jeito marcam nossa memória e seguem em certo sentido, dando significado e re-significado às novas e velhas situações da vida. Desse jeito, o número 8 tem um impacto interessante na nossa caminhada.
Das lembranças da infância, o ano de 1978 foi um ano simbólico no âmbito pessoal e no geral. Creio que foi o ano em que os "antigos" chamavam de "quando tomei conhecimento do mundo" para quando nossa lembrança se forma de forma sistemática e associativa, em que cores, sentimentos, aromas e vivências se revelam como interligados e até indissociáveis.

Em 1978, houve a Copa do Mundo de Futebol da FIFA na Argentina, juntando pinchas de refrigerantes, algumas delas tinham na sua parte interior o mascote da copa "o gauchinho". Sim, foi um ano intenso. Em 1978, as ruas do centro histórico de Manaus em suas cores e calçadas com sinais de abandono e uma sensação enorme de vida provinciana, reclusa em si mesma. Nem sabia, mas estranhava porque tantos policiais presentes no nosso cotidiano, o meu tio era um, um primo meu também, um outro tio queria que eu fosse isso quando crescesse. Meu Pai, um cavalheiro, nunca me pressionou a ser isso ou aquilo, um doutor ou um militar. Acho que 1978 foi o ano que tomei consciência de que o meu mundo era maior que o meu quintal e minha caixinha de brinquedos.

Em 1988, já um jovem adolescente forte, alegre, sonhador, pressentia que estaria entrando num processo de mudança. Havia entrado no JOUD (Jovens Oratorianos Unidos a Deus) na obra salesiana do Oratório São Domingos Sávio, hoje mais conhecido como Santuário São José Operário. Via os automóveis quadrados e achava aquilo "atrasado", parecia que ainda não estávamos vivendo o mundo real. Em 1988 conheci minha primeira namorada séria e desde então, sabia que já era o fim de uma vida apenas de um rapaz solteiro. Grande parte de minha afetividade vai sendo consolidada neste ano. Mas, ora, ora 1988 era véspera de uma mudança no meu país. Teríamos a primeira eleição direta para presidente desde a implantação da Ditadura Militar em 1964. No ano de 1988, vi que muitos sonhos podem ser realizáveis e Eu não parava em casa, todo tempo na Igreja, no Oratório, no Colégio, no Joud, na casa dos amigos, na rua com o grupo de rua (meus coleguinhas de rua).

A primeira vez como professor, ocorreu em 1998 na Escola Estadual Eldah Biton Teles da Rocha, na Compensa, ministrando Geografia para o ensino médio e fundamental, Outro ano intenso, vida de estudante universitário e de jovem professor Tempos "punks" salários atrasados por três meses, filas para receber o "dinheiro" no BIG BEA (Banco do Estado do Amazonas) onde hoje funciona o Bradesco agência Boulevard que comprou o BEA,  e até desmaios de professoras tal era o desconforto e a lotação da agência, paralisações, novas e belas amizades, apaixonei-me pela Compensa e pela Escola. Meu corpo sofreu um enorme transformação de um rapaz franzino a um "gordinho" viciado em cheese salada e refrigerante. Em 1998, tive a primeira grande derrota política, quando a escola sofreu uma intervenção, ali senti de perto, a cooptação de colegas, a traição de outros, a esperteza de outros e claro, a enorme beleza da luta. Naquele ano, descobri o que era a luta e que ela não se esgota numa vida. Aquela luta foi bonita, professoras mais velhas, evangélicas, ateus, comunistas, anarquistas, professores jovens todos juntos por uma Escola de cidadãos.

Em 2008, estava a frente da coordenação de Geografia do Uninorte, outro ano intenso. Dedicando minha vida àquele projeto. Recebi uma placa de metal e a honraria de ser homenageado pelos cursos de Geografia e do Turismo, sendo o primeiro da Geografia a ser homenageado no curso de Turismo do Uninorte. 2008, foi também o ano de minha lucidez administrativa. Era hora de crescer e sair um pouco do nicho da Geografia. O Brasil entrava num novo momento com a descoberta de petróleo na camada do pré-sal e a esperança era estampada nos jornais nacionais e locais. Meus sonhos subiram ao prédio Cidade de Manaus e lá do alto vi o que me premiava. Avaliamos os cursos de Geografia da UEA em Parintins, Tefé e Tabatinga...foi o máximo!

E 2018?

Olha só. Mudo de casa, mudo de direção, coisas do passado reaparecem - precisam ser fechadas! Meus dois frutos, me dão uma alegria maior que o mundo, um se forma  advocacia e o outro, um futuro engenheiro naval. Um portal se abre no tempo, reaparece a Seduc, os concursos públicos e a chance de continuar o caminho interrompido. Respiro isso! Haverá mudança, conserto de velhas feridas, linhas cortadas. Em 2018, exorcizei alguns demônios, domei alguns dragões e me desfiz de algumas falsas amizades Vi em 2018 que o mundo é  muito maior. 

Voltei à Igreja na comunidade cujo nome é o mesmo donde eu tive minha primeira experiência de beleza como catequista, num bairro diferente com pessoas diferentes. Parece a vida dando uma segunda chance. Na política, 2018 foi o fechamento de 2013, a confirmação da existência de espertalhões e desumanos e inocentes e bananas. Quis chorar, mas não, este decididamente não é o meu perfil. No fundo, apenas me provei que o mal é mau mesmo e que eu embora derrotado, estou no lado certo. Nossa! como isso me traz uma Paz de Espírito. Na vida, luta cruel e solitária que sem Deus e Maria não sei se suportaria. E 2018? Lucidez e serenidade. Há tempos, não nutro tanta esperança de dias melhores para o lado profissional e pessoal. Quanto ao lado social, será aquilo de sempre, a luta!

E este 8, sempre com muito significado para mim e para o meu país. Que seja, o prenúncio de mudanças boas, pois estou precisando me reinventar e nascer de novo.


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