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AS PAUTAS QUE A PANDEMIA ESCONDE: INDÚSTRIA


FOTO: PROF. ME. MAURO BECHMAN. AUTOR: CUCUNACA, 2020.


Por: Mauro Jeusy Vieira Bechman*

Sem dúvidas desde que a Pandemia do Coronavírus iniciou em novembro de 2019, algumas situações nos parecem peculiares. E, neste sentido, cabe uma leitura ao menos necessária sobre este aspecto do ponto de vista da Geografia.

Um dado importante é que entre os lugares mais atingidos com a Pandemia foram de diferentes latitudes e continentes. Talvez esta distância territorial ajude a dispersar os raciocínios sobre o que aproxima alguns destes lugares.

Neste sentido, o que aproximaria Wuhan, a Lombardia e Manaus? Eis uma questão em que debruçamos algumas linhas. A primeira questão está relacionada ao que une estas áreas tão distantes e distintas entre si. Há contudo, uma característica em comum a elas, todas são importantes regiões industriais cuja movimentação de capital é gigantesca e além disso, integrantes de circuitos de produção em que algum grau compartilham insumos e até expertise de produção. Wuhan, o espelho da China Contemporânea com uma indústria potente, o norte da Itália com Bergamo e Brescia, industrial e região econômica do país mais rica e Manaus com seu polo eletroeltronico mais poderoso da América Latina em pleno bioma amazônico.

Três formas de promover a indústria e a sua participação no circuito global. A indústria automibilística na Itália com capitais nacionais, um charme da identidade da velha senhora, enquanto a juventude já globalizada da industrialização chinesa com mão de obra cativa e a planificação socialista "para dentro" e o planejamento capitalista "para fora" e a Zona Franca de Manaus, com seu controverso pólo eletroeletrônico no meio da floresta, uma zona de capitais transnacionais e uma mão de obra com a sua "eterna embrionária" organização sindical e trabalhista sustentando o capital estrangeiro com vultosas isenções cujos "direitos" vem sempre sendo questionados pelas outras unidades da federação brasileira.

Sob este aspecto, contraditoriamente aos volumes de capital e produtos de tecnologia desenvolvidos na zona franca de Manaus, a indústria e também por tabela, considere-se a indústria nacional não se prestou ou conseguiu sequer produzir "respiradores" para atender as demandas emergenciais da pandemia.

Neste sentido, expôs-se que não há industria nacional com capital, tecnologia e competência brasileira, a ponto de nos meses de maio e junho, receberem a doação de respiradores enviados pelo Vaticano.

Também cabe aqui ressaltar em algumas situações, as matrizes das empresas transnacionais e suas filiais na zona franca não tinham orientação para alterar a produção, e prover o povo amazonense, ação esta que talvez o poupasse da avassaladora voracidade do covid-19.

Algumas iniciativas autócnes, umas ligadas às universidades públicas combalidas pelos cortes nas bolsas de pesquisa do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) e outras experimentos de "pesquisadoes autodidatas" em suas oficinas de fundo de quintal. Dai, nota-se a ausência de uma Política de Desenvolvimento que contemplasse a indústria e a competência nacional.

Uma indústria nacional capaz de dar respostas as demandas do século 21 atenta às questões ambientais e as necessidades de produtividade e fomento à capacidade técnica, científica e intelectual.

 Não há desenvolvimento sem uma indústria competitiva, mas sobretudo comprometida com a felicidade dos seus nacionais. Por isso, é mais que necessário refletir sobre a Indústria Nacional e o papel de modelos como a Zona Franca de Manaus para o desenvolvimento e a qualidade de vida dos brasileiros e amazonenses.

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* Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia e processos socioculturais pela Universidade Federal do Amazonas. UFAM.

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3 Comentários

  1. Verdade professor!
    Ao que parece o voraz capitalismo navega sobre as desgraças da pandemia.

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    1. Quando se coloca a Economia sobre a vida humana. Nada mais, parece importar. Agradeço a reflexão querida pedagoga;

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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