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EFEITO DA FUMAÇA NAS MENTES DOS AMAZONENSES

 

FOTO: IGARAPÉ DO PASSARINHO 06h.
AUTOR: CUCUNACA, 2023.

Por: Mauro Bechman*

A dura estiagem que castiga a Amazônia, e quase que seletivamente o Amazonas, vem deixando profundas marcas e alguns aprendizados que se não forem negligenciados serão de bom proveito para o enfrentamento de outras emergências ambientais futuras.

Tecnicamente sabemos que o heartland amazônico por suas características naturais dos trópicos úmidos, aliados ao geoambiente com uma biota diversa, ombrófila, hidrófila quente, pluvial e justaposta ao clima equatorial com elevada umidade do ar, queimadas de grande envergadura só seriam possíveis por fenômenos climáticos extremos, mesmo que sazonais, com a indução antrópica. 

O fenômeno El Niño parece corresponder a uma possível causa para as elevadas temperaturas embora possamos reconhecer o avanço das atividades e do olhar colonizador endonacional sobre este espaço ainda fronteira ás atividades antrópicas, não somente em discursos como em dados, os resultados são os noticiários e a queda na saúde ambiental das cidades amazônicas. Um mal estar no ar e nas águas. 

Manaus, capital do Amazonas e da Amazônia, sob intensa fumaça que como sabemos, com o aumento da debilidade pulmonar do povo, certamente incrementará os dados médicos nos próximos anos. A urbe amazônica, carente de consciência de si e de limitada capacidade de suas classes dominantes em admitir qualquer arroubo de ciência, mergulha seus naturais na ignorância das doxas, sofismas e senso comum. 

Um ambiente perfeito para a relativização de fatos que retratam a realidade, afinal, em Manaus tudo é uma questão de opinião. Ora, talvez os que dependem da água e da economia extrativa para seu devir, sim, talvez sejam eles os indutores das queimadas ou ainda, este conceito aberto chamado "mudanças climáticas" seja a única explicação viável e confortável para o status atual da qualidade ambiental na Amazônia e em Manaus. Sim, tudo é opinião. Enquanto isso, xamãs dançam e rezam pelas chuvas.

De toda a fumaça, nos ares de Manaus, Autazes, Iranduba e Tefé, finalmente há fogo na Amazônia, ignorando a ciência, a cultura dos povos tradicionais e a vida contida nos milhares de habitats deste magnífico bioma amazônico.


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* Graduado em Geografia. Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas, UFAM (1909).

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