FOTO: GLOBO TERRESTRE ESTILIZADO. AUTOR: CUCUNACA,2016. |
Nesta postagem, buscarei abordar com sobriedade as opções que os grupos políticos fazem ao chegarem ao poder e que por vezes, desprezam as vozes da ponderação e da ciência, contribuindo para tomadas de decisões equivocadas e ou não posicionamentos quanto ao uso e gestão do território.
Os episódios que chegam ao mundo pelas telas de televisão, jornais e internet, certamente chocam todas as pessoas que possuem o senso de humanidade. O Rio de Janeiro, enfrenta mais um novo desafio: o de contar suas perdas humanas e materiais com o evento das chuvas e dos deslizamentos de terra.
O QUE HÁ DE SOCIAL EM DESASTRES NATURAIS
Popularizadas como catástrofes naturais, as enchentes, avalanches, deslizamentos e outras, parecem inevitáveis e ou ininteligíveis diante dos olhos atônitos de uma sociedade perplexa que se emociona com a fragilidade humana exposta nas imagens midiáticas. De outro modo, podemos verificar que muitas destas chamadas catástrofes naturais, tem em muito a contribuição das ações humanas.
Vejamos inicialmente pelo prisma de que muitas áreas consideradas vulneráveis, ainda são negociáveis do ponto de vista imobiliário e em algum momento, possuem a anuência dos entes estatais. Isto certamente expõe uma frágil formação decisória no campo das opções políticas - tendo em vista que a política é uma ciência do poder de decisão. Também, não se pode desprezar ainda uma certa ojeriza de determinados políticos a basearem e ou ouvirem as autoridades científicas para um tomada de decisão que venha de encontro ao respeito á coisa pública.
Este fato torna-se evidente quando a sequência histórica de eventos de desastres físicos "naturais" não serve para o balizamento de decisões políticas que certamente poderiam mudar significativamente os noticiários e consequentemente o destinos de muitos cidadãos.
Claramente, o poder público ainda herda uma "cultura" de desprezo pelo trabalho de cientistas como geógrafos, climatólogos, geólogos, hidrólogos e estatísticos na atividade de prevenção, cálculo, intervenção e orientação de ações que visam o bem estar da sociedade e também do meio ambiente. Se pelo contrário, isto fosse feito com certa aplicação, penso que não teríamos encostas, fundo de vales, margens de cursos d'água, morros e outros ambientes ocupados de forma irregular com as "vistas grossas" do ente estatal.
Também penso, ter uma defesa civil, muito mais científica e preventiva para sustar eventos como estes que vem acontecendo na região serrana, tendo inexoravelmente, que contar com a ajuda voluntariosa e humana, da própria população (que nem sempre possui um preparo adequado para enfrentar tais situações).
Talvez, sejam por estas opiniões tão incisivas, que os geógrafos sejam tão negligenciados nos concursos públicos, pois possuem uma formação crítica que nem sempre fazem coro ao discurso oficial.
Precisamos de um plano de gestão do território, baseado e balizado, pela ciência e pela tecnologia (hoje ferramenta indissociável)para que a política aconteça e cumpra sua missão de servir á sociedade e para que estas catástrofes humanas não sejam encobertas pela idéia equivocada de "catástrofes naturais", pois se assim continuarmos, estaremos fadados a repetir a História!
Todos os braços e corações para o Rio de Janeiro!
Saudações Amazonenses!
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