![]() |
FOTO: PROF. ME. MAURO BECHMAN. AUTOR: CUCUNACA, 2020. |
Por: Mauro Jeusy Vieira Bechman*
No retorno parcial às atividades laborais nas escolas da rede pública estadual do Amazonas, tivemos a oportunidade de rever as instalações da escola, vigilantes, merendeiras e serviços gerais, além claro, de nossos colegas professores e professoras.
Foram alguns meses de isolamento social decretado pelo governo do estado do Amazonas diante da pandemia do Coronavírus. As atividades docentes e administrativas passaram durante este período a serem executadas em formato remoto via redes sociais privadas e canais de reunião virtuais.
Interessante a imagem gravada em nossa memória da fisionomia dos nossos colegas desde o inicio da suspensão das aulas presenciais até este retorno. A quebra da rotina "Normal"de trabalho neste período alterou sobremaneira a rotina de todos desde os seus deslocamentos até seus momentos de repouso.
Alguns colegas por necessidades econômicas se submetem a trabalharem três turnos o que envolve elevando sobremaneira o desgaste físico, emocional e psicológico. Colegas que muitas vezes lecionam em três endereços diferentes e distantes entre si, sem condução própria, só repousavam em breves cochilos nas cadeiras e sofás da sala dos professores para logo em poucos minutos entrarem nas salas de aula e exercerem o magistério.
Corpos e mentes, cansados e às vezes extenuados da rotina massacrante, se auto expressam em seus semblantes e seus corpos denunciando uma super exploração de sua força de trabalho. São semblantes de homens e mulheres jovens que submetidos a esta rotina, parecem ser mais velhos que a idade cronológica declarada.
Na segunda-feira 03/08 foi o retorno para planejamento escolar deste momento de retomada das atividades docentes. A despeito da tragédia que a humanidade está vivenciando com a Pandemia, creio que rever os colegas e as colegas foi surpreendentemente agradável, não apenas pela saudade natural pelo afastamento nesse tempo, mas sobretudo, porque em seus semblantes, podemos observar rostos menos exauridos, nos levando a refletir sobre qual mesmo será a função do trabalho na vida de homens e mulheres.
Será que é de fato necessária uma carga de trabalho tão desgastante cujos ganhos salariais não compensem tal esforço? Quando o trabalho será visto como de fato uma forma de prazer e sinal de realização presente na vida de todos e não uma necessidade estúpida para a sobrevivência como se fosse um castigo?
São situações que não podemos nos furtar de pensar e debater. Afinal, o Trabalho é uma parte da felicidade, como a família, os sonhos, os colegas, a sociedade, os sentimentos. O trabalho é apenas uma parte da vida. A vida é muito maior.
A todos os meus colegas e minhas colegas, foi uma alegria revê-los com saúde neste momento tão cruel da vida brasileira e mundial.
Vamos à Luta!
____________________
* Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade do Amazonas. UFAM.
0 Comentários